VOTORANTIM DECLARA FORÇA MAIOR EM OPERAÇÃO DE NÍQUEL EM FORTALEZA DE MINAS:

00:01 - 08/NOV: São Paulo - A Votorantim Metais voltou a divulgar paralisação nas compras de níquel fornecido pela mina baiana operada pela australiana Mirabela, depois de quebra de equipamento na unidade de Fortaleza de Minas, em Minas Gerais.

A Votorantim informou em comunicado nesta terça-feira (05/11/13) que o principal transformador do forno elétrico de sua usina que produz mate de níquel para exportação quebrou e que por isso está incapacitada de continuar operando a instalação até a solução do problema.

A empresa não divulgou quando espera o retorno ao funcionamento do equipamento, mas havia informado no final de outubro que não pretendia rever decisão de fechar a unidade de Fortaleza de Minas por prazo indeterminado a partir deste mês.

A Votorantim havia anunciado no fim de setembro que iria interromper o contrato de compra de níquel da Mirabela a partir de novembro. Depois voltou atrás e informou que continuaria comprando o material até o fim do contrato, em 2014.

A Mirabela corre o risco de se tornar a primeira empresa australiana a entrar em default desde abril de 2009, segundo o IFR, serviço da Thomson Reuters. A empresa tinha contratado empréstimo de 50 milhões de dólares com o Bradesco garantido por recebíveis da Votorantim.

No comunicado desta quinta-feira, a Votorantim Metais afirma que "entende que tal ocorrência (quebra do equipamento) caracteriza motivo de força maior e, portanto, encontra-se incapacitada de adquirir os volumes indicados no aditivo recentemente firmado entre as partes".

A companhia acrescentou que "está empenhando todos os esforços para buscar alternativas técnicas para solucionar a ocorrência, bem como apoiar Mirabela na logística para exportação do volume previsto no aditivo".

O aumento na produção chinesa de níquel pressionou os preços do metal, causando desequilíbrio econômico-financeiro da operação, segundo a Votorantim.

Os futuros de três meses do níquel despencaram de 29.700 dólares por tonelada métrica, em novembro de 2011, para cerca de 14.325 dólares. (Por Alberto Alerigi Jr., com reportagem adicional de John Weaver, em Sydney)

Revista Exame S/A

 

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Jornal Hoje em Dia

Fortaleza de Minas sofre com a falta de um plano "B" para o níquel

Por inviabilidade econômica do negócio, a Votorantim Metais interrompeu na última terça-feira as atividades de mineração e beneficiamento de níquel em Fortaleza de Minas, Sul do Estado.

A medida colocou a prefeitura do município de pouco mais de 4 mil habitantes diante do desafio clássico da mineração: manter o equilíbrio das contas públicas e o desenvolvimento da cidade após o fim das atividades do principal setor da economia local. Haverá o desligamento de 400 trabalhadores da empresa.

A planta de Fortaleza de Minas iniciou sua operação em 1997 e era responsável pela produção de 13 mil toneladas de mate de níquel ao ano. O mate de níquel é um produto intermediário na produção do níquel, que por sua vez tem a função de dar maior maleabilidade ao aço.

De imediato, a Prefeitura estima que, das receitas anuais de R$ 15,5 milhões, vai perder já no próximo ano pelo menos R$ 2,6 milhões em apenas três fontes de arrecadação. São elas: a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), o Imposto Sobre Serviços (ISS) e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS).

Impacto indireto

Indiretamente, o impacto se estende no médio prazo, com enfraquecimento de prestadores de serviços e redução do Valor Adicionado Fiscal (VAF) – indicador de atividade econômica municipal utilizado para definir qual fatia do ICMS caberá a cada cidade.

“Como a cidade é pequena, a demanda por trabalhadores fez com que as pessoas participassem de cursos técnicos para irem para a mineração. Agora, todos eles perderão o emprego e não temos como absorver esse contingente”, diz o secretário municipal de Fazenda, João Balduíno da Silva Júnior.

A motivação da empresa para paralisar a produção de forma temporária, embora não haja previsão de retorno, é mercadológica. Em dois anos, o preço do níquel no mercado internacional caiu pela metade. Oscilou acima de US$ 28 mil por tonelada em 2011 e chegou a US$ 14 mil a tonelada neste ano.

Por causa da queda da cotação, a área de níquel é a única com o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) negativo dentre as unidades de negócios discriminadas no balanço da companhia. No segundo trimestre do ano, o setor ficou no vermelho em R$ 31 milhões. Além de Fortaleza de Minas, a Votorantim metais tem mais duas unidades de níquel, uma em Niquelândia (GO) e outra em São Miguel Paulista (SP).

Em nota, A Votorantim Metais disse que a paralisação ocorre “em função do expressivo desequilíbrio entre a oferta e a demanda global, que resultou em uma significativa queda nos preços dos metais e no desequilíbrio econômico-financeiro da unidade”.

Diversificação é alternativa para evitar a crise

A diversificação da economia é apontada por especialistas como o caminho para amenizar os impactos locais quando a mineração encerra suas atividades. No entanto, o consultor de Desenvolvimento Econômico da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais (Amig), Waldir Salvador, pondera que, no caso de Fortaleza de Minas, onde a mineração é de pequeno porte, os recursos que a Prefeitura arrecada são insuficientes.

“Nem o melhor prefeito do mundo consegue implantar um plano de diversificação da economia com uma Cfem (royalty) tão baixa. Acaba direcionando os recursos para o básico de uma administração”, afirma.

Neste ano, até setembro, entraram nos cofres da cidade R$ 600 mil da Cfem. Salvador defende também que os recursos do royalty da mineração sejam carimbados e tenham sua utilização pré-definida antes de chegar à prefeitura. Hoje, a legislação apenas impede que a verba seja destinada ao abatimento de dívidas e na folha de pagamento.